segunda-feira, 3 de novembro de 2008

E ainda Ondjaki...

"na qualidade rara de sereia" (com direcção a gilberto gil)

a espuma em sangue da praia
traz o sabor inválido
- cálido -
da ex-sereia.
morta; torta em seus braços leves,
repartidos.
que comece a festa.
cotovelos aos curiosos, ancas aos
furiosos.
pés aos pianistas, pêlos aos
reformados.
cabelos aos perfumantes, lóbulos aos
fabricantes.
sexo, axilas, narinas, nádegas aos
de algum dinheiro.
a réstia, o resto inteiro
a quem chegar primeiro.
o vento em sangue da praia
traz a recordação pálida
- alada -
da arenosa sereia.
granular.
morta em seus batimentos rasos,
desaparecidos. idos.

" A roda faz prapraprá
pra sereia do mar

saia do mar
minha sereia
saia do mar
venha brincar na areia
saia do mar
sereia minha
saia do mar
venha brincar sozinha"
Renata Rosa


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